Para ti...

Não é um recado, mas sim um desabafo... Até porque nunca irás ler isto... E porque isto me dói... muito... E ás vezes aperta tanto, que incomoda...

Um filho é SEMPRE um filho. Independentemente de tudo o que possa acontecer , ou mudar nas nossas vidas...
Um pai também é sempre um pai, mesmo quando sentimos uma grande distância...
Aceito a nossa distância... Cresci com isso... Vivi com isso...
Mas lamento... Porque um pai é sempre um pai... E um filho é sempre um filho...

Fico calada mas vejo as grandes diferenças... No sentimento... Nas vivências... E lamento... Porque não devia ser assim... porque eu também devia fazer parte dessa família...

Optaste por te afastar ( ou me afastar) ainda mais, quando não estiveste lá...
mas, eu cresci com isso... Vivi com isso...
Mas o Afonso não!!!!!
E ele é meu filho! O que eu mais amo no mundo. O que de melhor tenho. E a ele eu não posso, nem quero, permitir que o faças sentir o que eu sinto... Que ele lamente... Que não entenda...
Agora sei, que deixando de ser único, ele vai-se aperceber das diferenças, da tua ausência, por opção tua, por me (nos) teres excluído da tua vida...
E essa exclusão eu não quero que ele sinta, nem que para isso me tenha eu que afastar mais, privando-o de sentimentos que seriam ( ou deveriam ser) dele por direito...
Se ele não souber, não vai sentir, pois tem quem tão bem te substitua nesse papel...

Lamento pai... Acredita que lamento, porque és meu pai, avô do meu filho, e nada no mundo muda isso. A genética não me deixa esquecer-te ou deixar de gostar de ti, mas cada vez somos mais estranhos... E eu lamento muito...